Diário Bíblica Portugués

15 de Janeiro de 2023

Primeira leitura: Is 49,3.5-6: 
Farei de ti a luz das nações, para que sejas minha salvação.
Salmo: Sl 39(40),2.4ab.7-8a.8b-9.10 (R. 8a.9a): 
R. Eu disse: Eis que venho, Senhor, com prazer faço a vossa vontade!
Segunda leitura: 1Cor 1,1-3: 
A vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus!
Evangelio: Jo 1,29-34: 
Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.

Tema: 2o. Domingo do Tempo Comum 

Naquele tempo, João viu Jesus aproximar-se dele e disse: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Dele é que eu disse: 'Depois de mim vem um homem que passou à minha frente, porque existia antes de mim'. Também eu não o conhecia, mas se eu vim batizar com água, foi para que ele fosse manifestado a Israel". E João deu testemunho, dizendo: "Eu vi o Espírito descer, como uma pomba do céu, e permanecer sobre ele. Também eu não o conhecia, mas aquele que me enviou a batizar com água me disse: 'Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer, este é quem batiza com o Espírito Santo'. Eu vi e dou testemunho: Este é o Filho de Deus!"

 

Comentário

As leituras deste domingo têm como eixo transversal o convite de Deus a toda a humanidade a assumir como próprio o projeto do Reino, de projetar, em liberdade e sinceridade, uma maneira nova de ser homem e mulher, de ser criação e sociedade. O texto da primeira leitura faz parte do segundo Cântico do Servo (Is 49,1-50,7). Nele há uma identidade do povo de Israel como o servo de Deus.

Este Israel mencionado aqui não representa a totalidade do povo de Deus, mas sim, talvez, se refira àquela pequenina comunidade de crentes, desterrada na Babilônia, a esse grupo reduzido que mantém viva a esperança e a fé. Esse grupo que, apesar de estar longe de sua terra, mantém sua confiança que Javé trará a salvação a todo o povo de Israel e ao mundo inteiro, pois Deus colocou seus olhos nele e assinalou a missão a todo o povo de Israel e ao mundo inteiro, pois Deus olhou para ele e lhe concedeu a missão de expressar a toda a criação o seu desejo mais profundo: salvar a todos sem exceção.

O autor do cântico assinala uma grande diferença quanto à compreensão da salvação prometida por Javé; sendo o tempo do exílio, o profeta anuncia uma salvação para todas as nações, não unicamente para o povo de Israel.

Paulo inicia sua carta confirmando a universalidade do Reino de Deus; expressando que a mensagem de salvação é para todos os que, em qualquer lugar e tempo invocam o nome de Jesus Cristo. Contudo, pela maneira solene que Paulo escreve (à Igreja de Deus em Corinto), pode-se afirmar que o apóstolo está se referindo à única e universal igreja de Cristo, que se faz historicamente presente nos cristãos da comunidade de Corinto.

Ainda que Paulo tenha escrito de amaneira particular a uma comunidade, sua mensagem ultrapassa os limites do espaço e do tempo, adquirindo em todo momento atualidade e relevância, pois é uma Palavra dirigida à humanidade inteira. Homens e mulheres recebem a graça de ser filhos de Deus, por meio de Jesus; fomos consagrados por Deus para realizar em nossas vidas a “vocação santa”, que em nossa linguagem corresponderia à “missão” de tornar presente, aqui e agora, o reino de Deus: fazer deste mundo um lugar mais justo e solidário, menos violento, destruidor, mais livre e fraterno.

Quem assume como modo normal de vida este horizonte libertador, está invocando o nome de Jesus. O evangelho de João manifesta a universalidade da salvação de Deus por meio da vida e missão de Jesus de Nazaré, visto este como cordeiro de Deus, que se sacrifica, se entrega obedientemente à vontade do Pai para salvar da morte (do pecado) a toda a Humanidade.

Jesus é o enviado do Pai, o ungido pelo Espírito de Deus, o servidor de Javé de que fala o Profeta Isaías (49,3) que tem como especial missão estabelecer no mundo a justiça do reino. É quem verdadeiramente traz a salvação de Deus à humanidade. João Batista já havia compreendido sua própria missão e a missão de Jesus.

Por esta razão o profeta do deserto diz que atrás dele vem um que é mais importante do que ele, pois o que vem é o Messias, Palavra nova de Deus para o mundo. O Batista reconhece Jesus como o Filho de Deus, por isso dá testemunho dele. E o faz com as imagens daquele tempo, imagens que há muito tempo ficaram sem base e que até perderam sua inteligibilidade. Falar de Cordeiro de Deus, sacrificado, que expia nossos pecados, que tira o pecado do mundo com seu sangue, que nos "redime” é falar em categorias que somente podemos conhecer pelo estudo histórico-bíblico, por cultura especializada religiosa, porém que não podemos captar “por sentido comum”, por uma vivência que se respira através do subconsciente coletivo social, como normalmente são captadas as boas imagens, as imagens que estão vivas.

Algumas imagens já morreram, ainda que continuem sendo lidas ou repetidas. Uma tarefa pendente da comunidade que crê é testemunhar esse encontro profundo com Jesus com metáforas novas, para que expressem e comuniquem esse encontro. Será essa a forma de se poder concretizar uma vida fundada na entrega e no amor, na justiça e na comunhão com a Natureza.

Oração
Infinito mistério, que tudo habitais e encheis de vida. Hoje reconhecemos que estais presente no coração de todos os nossos irmãos e irmãs que buscam Amor e Vida, às vezes sem saber, mas sempre movidos por Vós. Iluminai com a vossa luz os olhos do coração para que possamos vos contemplar presente em todo o bem, nobre e verdadeiro que nossos irmãos realizam movidos pelo vosso Espírito. Vós que, além de todas as palavras e imagens, viveis para sempre. Amém.

Santo do Dia
S. Paulo de Tebaida
c. 228-341 ? eremita ? \"Paulo? significa \"pequeno?


Paulo de Tebaida é considerado o eremita precursor do estilo de vida solitário, retirado do mundo, habitando cavernas e lugares ermos, longe de qualquer burburinho humano, na mais completa solidão. Era homem muito rico e de educação esmera da que, na perseguição do imperador Décio, se refugiou na casa da irmã. Temendo, então, que o cunhado o denunciasse para ficar com a herança, fugiu para as montanhas desertas e afeiçoou-se à vida de solidão. Descobriu uma caverna, uma fonte e uma velha palmeira, e ali passou o resto da vida. Conta a tradição que tal era seu isolamento que, ao ser visitado por S. Antão, o pai dos monges, quis saber: \"Dizei-me, como vai o gênero humano? Ainda se fazem novas casas nas velhas cidades? Sob que império está o mundo??. Aos 113 anos, sentindo que Deus o chamava, pediu ao amigo Antão que fosse buscar o manto de S. Atanásio, para envolver-lhe o corpo, querendo dizer com isso que morria em comunhão com a Igreja.